quinta-feira, abril 27, 2017

[9º Ano] - Resenhas

Queridos,

Essas são as resenhas que vocês irão utilizar para realizar as atividades da Situação de Aprendizagem:

Resenha Crítica | Esquadrão Suicida (2016)
Suicide Squad, de David Ayer
Após o banho de água fria provocado por “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”, “Esquadrão “Suicida” prometia acalmar os ânimos dos fãs propondo um tom diferente para este universo que a DC está construindo nos cinemas, uma espécie de resposta para a concorrência com a Marvel, esta já consolidada com a apresentação de seus heróis em filmes solos e a reunião destes para combater um inimigo em comum. Lamentavelmente, a tentativa tem pouco sucesso na tela.
Espécie de sequência direta para os eventos trágicos envolvendo a figura do Superman (Henry Cavill), “Esquadrão Suicida” inicia com a exposição dos planos da implacável Amanda Waller (Viola Davis), oficial da Agência Central de Inteligência que recomenda ao presidente a escalação de um time composto pelos maiores criminosos do país para combater uma entidade que pretende cobrir o mundo com trevas e converte humanos em soldados monstruosos.
O time? Floyd Lawton (Will Smith), conhecido como Pistoleiro, um matador de aluguel com uma filha de 11 anos; Harleen Quinzel (Margot Robbie), que adotou o nome Arlequina ao se tornar a companheira de Coringa (Jared Leto); George Harkness (Jai Courtney), o Capitão Bumerangue, Waylon Jones (Adewale Akinnuoye-Agbaje), o Crocodilo; Chato Santana (Jay Hernandez), apelidado de El Diablo e com habilidades em incendiar tudo ao redor; e Christopher Weiss (Adam Beach), também chamado de Amarra.
Ainda que Waller tenha implantado um chip capaz de causar a morte instantânea com o comando em um aplicativo sob o seu controle, é necessário trazer a bordo um líder capaz de supervisionar o temperamento de figuras que podem a qualquer momento trair o acordo de salvar o dia por uma redução de pena. Para isso, é escalado o soldado Rick Flag (Joel Kinnaman), namorado da arqueóloga June Moone (Cara Delevingne), possuída por um espírito milenar que cumpre um papel importante na ação. Outra adição que possui um bom caráter é Katana (Karen Fukuhara), japonesa extremamente habilidosa com espadas.
Com a leva inesgotável de mutantes e justiceiros zelando pela sobrevivência da humanidade, “Esquadrão Suicida” trazia como possibilidade essa visão pouco explorada em adaptações de quadrinhos em que a moralidade é um item distorcido, em que a prática do bem não parece uma alternativa clara para reverter a arquitetura do caos. Algo recentemente testado com sucesso em “Deadpool”, um modelo de anti-herói como protagonista.
O passo de “Esquadrão Suicida” sugeria ser o mais largo, com um material promocional regado na piração e com um diretor, David Ayer, que entende a linguagem dos personagens marginalizados, das escórias da sociedade. Porém, o peso da insanidade parece ter sobrecarregado somente os ombros de Margot Robbie, que supera todas as expectativas como uma delinquente que somente desejava ter uma vida de comercial de margarina com o seu amado de sorriso nefasto – o Coringa, aliás, deve ter ficado com a maior parte de sua participação perdida na ilha de edição, ao julgar por suas intervenções de caráter quase figurativo.
Além de uma encenação branda da violência, “Esquadrão Suicida” não é competente nem ao introduzir os seus personagens para o público. Confuso, o primeiro ato acredita que uma playlist de rock e cartilhas ininteligíveis dão conta de carregar todo o histórico de cada um. Mal resolvido é também um desejo de fazer um “Os Vingadores” dos vilões, forçando um sentimento de amizade e companheirismo que definitivamente inexiste. O efeito provocado por “Esquadrão Suicida” é o equivalente ao de uma embriaguez com cerveja sem álcool.

Resenha: O Menino do Pijama Listrado.

Título: O Menino do Pijama Listrado
Título Original: The Boy In The Striped Pyjamas
Livro Único.
Autor: John Boyne
Editora: Seguinte (Companhia das Letras)
Páginas: 186
Ano: 2007
Saiba mais: Skoob
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Sinopse: Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também não faz ideia que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e a mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e para além dela centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com frio na barriga. Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.

A Trama: Certo dia, quando Bruno chega em casa, ele encontra a empregada da família arrumando todas as suas coisas em malas e logo descobre que ele e sua família terão de se mudar. O menino tenta a todo custo fazer a mãe mudar de ideia, já que não queria abandonar sua casa enorme em Berlim, muito menos seus três melhores amigos. Mas eles se mudam e a nova casa não é nada convidativa para Bruno, que continua insistindo em voltar para a antiga casa. Lá não há crianças com quem ele possa brincar e o tédio logo toma conta dele. Mas, pela janela do seu quarto, ele consegue ver pessoas em um campo por trás de uma cerca, e há crianças lá. Por algum motivo, todos usam um pijama listrado cinza, e Bruno começa a se perguntar o que todas aquelas pessoas fazem ali. Então um dia, fazendo uma exploração pelos arredores da casa, ele chega a tal cerca e encontra um menino sentado ali, do outro lado. Ele também usa um pijama listrado e tem um semblante triste, mas Bruno logo percebe que encontrou um amigo para passar suas tardes monótonas na nova casa.
É um livro envolvente que me prendeu do início ao fim, uma parte da História contada de maneira simples e pura pelo olhar de uma criança.

O Protagonista: Bruno é um típico garoto de nove anos, que quer apenas brincar e tem questionamentos sobre por que umas regras valem apenas para as crianças e não para os adultos. Mesmo com o posto de comandante de seu pai numa Alemanha no meio da Segunda Guerra Mundial, ele está alheio a praticamente tudo o que está realmente acontecendo no mundo. Sua ingenuidade chegou a me irritar algumas vezes, mas aí eu me lembrava que ele era apenas um menino e que foi ensinado a viver daquela forma.

Personagens Secundários: Começando, é claro, por Shmuel, o garoto que Bruno encontra do outro lado da cerca. Bruno não tem a menor ideia do que se passa daquele lado, não sabe o que as pessoas de pijamas listrados fazem, e Shmuel, apesar de viver aquilo na pele, também tem certa ingenuidade com algumas coisas que acontecem ali (como para onde vão as pessoas que somem depois de marcharem). Eu gostei muito dele e tive vontade de entrar no livro, abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem, mesmo que não fosse ficar nada bem. A irmã de Bruno, Gretel, é um caso perdido para ele. Ela tem apenas doze anos e age como se fosse muito mais velha. É uma típica menina entrando na adolescência e se impressionando fácil com tudo. Apesar de ser um pouco irritante e ter aprendido a usar o sarcasmo de uma forma a sempre debochar do irmão, ela foi uma personagem real e que condizia muito bem com a época e a situação. O tenente Kotler era odiável, daquelas pessoas que provavelmente não têm noção do que estão fazendo, apenas querem se tornar o queridinho de alguém poderoso e é mal por natureza. Já o pai de Bruno tinha completa consciência do que ocorria, tanto que se tornou comandante, e era um homem de confiança para Fúria (nome que foi dado no livro para Hitler).

Capa, Diagramação e Escrita: A capa do livro é simples, mas nem preciso dizer que combina perfeitamente com a história, né?! Ela também tem uma textura (tipo a dos livros da série Hush, Hush). A diagramação da editora é simples, mas com uma fonte confortável para leitura e bom espaçamento – além das folhas amarelas que todos adoramos. Não li nenhum outro livro do John Boyne, então não posso dizer se foi apenas nesse livro (já que o protagonista é um menino de nove anos e o acompanhamos) que sua escrita ficou bem infantil. Não quero dizer infantil de uma maneira ruim, mas a narrativa em terceira pessoa acompanha Bruno e transmite seus pensamentos, então acho que é por isso que ele escolheu esse tipo de narrativa aqui. E descobri que ele escreveu esse livro em apenas dois dias e meio, o que me faz imaginar no quanto ele ficou submergido nessa história enquanto escrevia, como eu enquanto lia.



Concluindo: É um livro tocante e uma leitura rápida. Não é uma história falando com detalhes sobre o Holocausto, apenas a história da amizade desses dois meninos que vieram de mundos completamente diferentes. Confesso que se eu já não tivesse assistido ao filme, não teria entendido muito bem o que acontece no final, porque o autor acaba o capítulo numa certa parte e fica parecendo incompleto, mas com o último capítulo, se você não tiver visto o filme, dá pra ter uma noção do que aconteceu, mesmo sendo muito vago. Esse é um livro que me dá vontade de recomendar pra todo mundo, então recomendo! Recomendo! Recomendo!

Quotes:
E um pensamento final passou pela cabeça de seu irmão, enquanto ele observava as centenas de pessoas na distância prosseguindo com seus assuntos, e era o fato de que todos eles – os meninos pequenos, os meninos grandes, os pais, os avôs, os tios, as pessoas que vivem sozinhas nas ruas da vida e não parecem ter parentes – usavam as mesmas roupas: um conjunto de pijama cinza listrado com um boné cinza listrado na cabeça.
“Que coisa incrível”, ele murmurou, antes de se voltar para o outro lado.

“Já não sinto mais nada”, disse Shmuel.

“Você é o meu melhor amigo, Shmuel”, disse ele. “Meu melhor amigo para a vida toda.”